
"No sábado fomos até ao lago Champlain, parando pelo caminho para a Macaca tirar fotografias com a sua Minox; ao fim do dia fizemos um desvio por Woodstock, passando o trajecto a embasbacar-nos, a soltar exclamações e suspiros. De manhã (num baldio à beira do lago) tivemos relações sexuais, e depois à tarde, numa estrada de terra batida algures nas montanhas do Vermont Central, ela disse: «Oh Alex, encosta, encosta já - quero que te venhas na minha boca», e de facto chupou-me a pissa, e de cabeça para baixo!
O que é que eu estou a tentar comunicar? Simplesmente que começámos a sentir alguma coisa. A sentir sentimentos! E sem a menor diminuição do apetite sexual!
«Sei um poema», disse eu, falando quase como se estivesse bêbedo, bêbedo e capaz de vencer qualquer homem que me aparecesse pela frente, «e vou recitá-lo.»
Ela estava aninhada no meu colo, ainda de olhos fechados, com o meu membro já mole encostado à cara como um pintainho.«Ah, vá lá», resmungou, «agora não, eu não percebo nada de poemas.»
«Este vais perceber. É sobre uma foda. Um cisne fode uma linda rapariga.»
Ela ergueu os olhos, fitando-me por entre as pestanas postiças. «Essa é boa.»
«Mas é um poema sério.»
«Bom», disse ela, lambendo-me o pirilau, «o delito, pelo menos, é sério.»
O que é que eu estou a tentar comunicar? Simplesmente que começámos a sentir alguma coisa. A sentir sentimentos! E sem a menor diminuição do apetite sexual!
«Sei um poema», disse eu, falando quase como se estivesse bêbedo, bêbedo e capaz de vencer qualquer homem que me aparecesse pela frente, «e vou recitá-lo.»
Ela estava aninhada no meu colo, ainda de olhos fechados, com o meu membro já mole encostado à cara como um pintainho.«Ah, vá lá», resmungou, «agora não, eu não percebo nada de poemas.»
«Este vais perceber. É sobre uma foda. Um cisne fode uma linda rapariga.»
Ela ergueu os olhos, fitando-me por entre as pestanas postiças. «Essa é boa.»
«Mas é um poema sério.»
«Bom», disse ela, lambendo-me o pirilau, «o delito, pelo menos, é sério.»
«Oh, que irresistíveis e espirituosas sãos as beldades sulistas - especialmente as assim esbeltas como tu.»
«Deixa-te de tretas, Portnoy. Recita mas é o poema ordinário.»
«Porte-noir», disse eu, e comecei:
«Onde é que tu foste aprender», perguntou ela, «uma coisa dessas?»
«Chiu. Ainda há mais:»
«Como afastarão aterrados os dedos frouxos
Das coxas desfalecidas o explendor das penas?»
«Hei!», exclamou ela. «Coxas!»
«E como não sentirá o corpo, esmagado pelo branco ardor,
Pulsar onde pulsa o coração do estranho?
Um estremeção dos rins ali engendra
A muralha em ruínas, o tecto e a torre em chamas
E Agamémnon morto.
Tão dominada,
Tão presa do sangue animal dos ares,
Pôde ela dele tomar saber e força
Antes que a largasse o bico indiferente?»
«Pronto, acabou-se», disse eu."
Philip Roth, O Complexo de Portnoy, Bertrand Editora 1994, (tradução de Ana Luísa Faria), p. 205.
«Deixa-te de tretas, Portnoy. Recita mas é o poema ordinário.»
«Porte-noir», disse eu, e comecei:
«Repentino golpe: batendo inda as grandes asas
Sobre a rapariga vacilante, negras patas
A afagar-lhe as coxas, presa no bico a nuca,
Aperta contra o seu peito o peito fraco.»
Sobre a rapariga vacilante, negras patas
A afagar-lhe as coxas, presa no bico a nuca,
Aperta contra o seu peito o peito fraco.»
«Chiu. Ainda há mais:»
«Como afastarão aterrados os dedos frouxos
Das coxas desfalecidas o explendor das penas?»
«Hei!», exclamou ela. «Coxas!»
«E como não sentirá o corpo, esmagado pelo branco ardor,
Pulsar onde pulsa o coração do estranho?
Um estremeção dos rins ali engendra
A muralha em ruínas, o tecto e a torre em chamas
E Agamémnon morto.
Tão dominada,
Tão presa do sangue animal dos ares,
Pôde ela dele tomar saber e força
Antes que a largasse o bico indiferente?»
«Pronto, acabou-se», disse eu."
Philip Roth, O Complexo de Portnoy, Bertrand Editora 1994, (tradução de Ana Luísa Faria), p. 205.
Sem comentários:
Enviar um comentário