terça-feira, agosto 02, 2005

Reich



«Em 1929, fui com a minha mulher visitar Wilhelm Reich. Lo, a minha mulher, roía as unhas e eu achava isso horrível. Falei no assunto com uns amigos do Partido, que me disseram: "Temos um psicanalista no Partido. A psicanálise não é só para os ricos, é também para os pobres. Vai visitá-lo, chama-se Wilhelm Reich". Fomos. Só tinha móveis do Bauhaus e começou a fazer-nos perguntas sobre a escola e o que lá fazíamos. Depois, ao fim de uns momentos, perguntou-nos a razão da nossa ida. Mostro-lhe as mãos de Lo: "Olhe, não é horrível?" Volta-se para Lo e pergunta-lhe em que é que ela trabalha. "Estou no Bauhaus, na oficina de metais". "Ah, não está em contacto com o público, não é secretária de um director que poderia incomodar-se com isso?" "Não!" "Oiça, coma as suas unhas tranquilamente, que isso passa por si só.»
Entrevista com Albert Flocon, Berlim, 1919-1933, Terramar, Colecção Memórias, p.223.

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