domingo, fevereiro 25, 2007

Chema Madoz


No todo es lo que parece,

y Chema Madoz (Madrid,1958) se encarga de ponerlo en evidencia. Ocultos entre la cotidianeidad surgen nuevos mundos. Nuevas dimensiones que de la mano de la metáfora alteran la percepción de la realidad más inmediata. El absurdo, la paradoja, el humor -por qué no la gregería- se dan cita en el estudio del fotógrafo. La idea inicia su proceso de superación del objeto y establece una descontextualización Dadá. La ironía con la que Madoz asalta modelos reconocibles establece una relación con el espectador que le conduce por los caminos de un universo paralelo.

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

André Breton


Os pássaros perdem a forma depois de perderem as cores. São reduzidos a uma existência aracnídea, tão enganadora que atiro as minhas luvas para longe. As minhas luvas amarelas varadas de negro caem numa planície dominada par um frágil campanário. Então cruzo os braços e fica à espreita. Fico à espreita dos risos que saem da terra e florescem imediatamente, umbelas. A noite chegou, semelhante a um salto de carpa à superfície de uma água violeta, e os estranhos loureiros entrelaçam-se no céu que desce do mar. Ata-se um feixe de ramos incendiados no bosque, e a mulher ou fada que o leva às costas parece agora voar, enquanto as estrelas cor de champanhe se imobilizam. A chuva começa a cair, é uma graça eterna e contém os mais ternos reflexos. Numa só gota existe a passagem de uma ponte amarela por carroças lilases, noutra é ultrapassada por uma via ligeira e crimes de albergue. Ao sul, numa enseada, o amor sacode os seus cabelos cheios de sombra e é um barco propício que circula sobre os telhados. Mas os anéis de água quebram-se um a um, e sobre o alto maço das paisagens nocturnas poisa a aurora de um dedo. A prostituta inicia o seu canto mais desviado do que um regato fresco na região da Asa pregada, mas apesar de tudo não passa de ausência. Um verdadeiro lírio erguido à glória dos astros desfaz as coxas da combustão que desperta, e o grupo por eles formado parte em busca da costa. Mas a alma da outra mulher cobre-se de plumas brancas que a refrescam suavemente. A verdade apoia-se nos juncos matemáticos do infinito e tudo avança à ordem da águia à garupa, enquanto o génio das esquadrilhas vegetais bate nas mãos e o oráculo é pronunciado por fluidos peixes eléctricos.

André Breton, Manifestos do Surrealismo, Moraes Editores, 1969, p. 80 (tradução de Pedro Tamen)