
porque hoje termina mais um ano
porque hoje termina mais um ano
com seus surdos rumores, pouca luz
e porque o tempo treme e é no inverno
e é no inverno que a arte nos ilude
e porque a arte é por demais injusta
e o tempo transgrediu os seus limites
e ambos vivem só de se imitarem
digo que nunca errou a juventude
porque a arte é o princípio da morte e nem
(e nem sempre) teremos a coragem
a consciência ou o rigor bastantes
para tocá-las na sua ressonância
Vasco Graça Moura, Antologia dos Sessenta Anos, Edições ASA, 2002, p. 19.
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